terça-feira, 6 de maio de 2008

A paixão pela fotografia


"Nasci e cresci vendo o meu pai manusear suas máquinas de fotografia; limpando, lubrificando, trocando filtros e levando seus negativos para ampliar. A foto era a sua grande paixão e seu grande prazer. 'Ele tem mais ciúmes das câmeras do que de mim', brincava a minha mãe Cesira.
Ele ganhou sua primeira câmera aos 12 anos, não sabemos de quem. E antes de se casar com a minha mãe, aos 25 anos, já havia começado a levar esse hobby a sério, tanto que foi um dos fundadores do Foto Cineclube Bandeirantes. Aprendeu sozinho tudo o que sabia sobre fotografia e nunca se inspirou em ninguém. Acho que tinha a visão muito aguçada por causa de sua profissão – a arquitetura – e via arte em coisas que os outros não davam bola: em troncos de madeira, nuvens. Fotos de pessoas ele só tirava dos filhos e dos netos, para recordação. Gostava mesmo era de fotografar a natureza. No entanto, meu pai nunca teve a ambição de se profissionalizar, nem de vender suas fotos. Pelo contrário, gastou um bom dinheiro com essa paixão. Fez muitas exposições e recebeu muitas ofertas, mas nunca quis se desfazer de nenhuma das suas obras – parecia que vendê-las seria como perder um braço! As fotos eram a vida dele, tanto que ele fotografou até adoecer e falecer, em 1967."

Walkyria Yalenti Castillo, filha do meio de José Yalenti

2 comentários:

Unknown disse...

Cá, Inara e Paula!!!
Está maravilhoso o blog do seu José!!! Quanto me lembro dele... E, como diz a Tia Walkyria, sempre com uma máquina nas mãos. Intimista, sisudo (na visão de uma criança...), hoje o entendo. Como captar a beleza essencial das cenas percebidas por ele sem uma profunda introspecção? Que bom que podemos desfrutar novamente desse presente imortal. Vocês três estão de parabéns!!!!!

Unknown disse...

Queridos primos e sobrinha:
Infelizmente tive contato com este real artista ainda muito pequeno e não pude desfrutar de sua genialidade. Pena!
Entretanto, tive a honra e oportunidade de poder ver uma incrível coleção de suas fotos, na época em seu apartamento na Rua da Consolação, ainda de posse da saudosa Tia Cesira, a qual, gentilmente, me presenteou com três fotos de "areias", tema este que produziu, ao meu ver, as mais belas fotos da coleção. De uma sensibilidade incrível.
Beijos a todos.
Sergio Checchia